A minha experiência no mundo do crudivorismo, exceptuando a germinação de sementes e leguminosas caseira, por enquanto ainda está numa fase de apreensão e assimilação de conhecimentos.
Quando era criança e a minha fértil imaginação estava no seu auge mais delirante, lembro-me que levava os meus tachinhos para o quintal e apanhava as folhas e ervas e fazia uma pastas salpicadas de pólen das flores e obrigava os meus irmãos a comer aquilo. A preocupação estética não era desprezada porque os repastos vinham sempre muito bem apresentados em mini-pratinhos com os respectivos talheres do tamanho dos nossos dedos pequenos.
Quem sabe o meu fascínio pela cozinha e alimentação em geral não tenha sido semeado nessa altura...
Para quem ainda não sabe, e de forma muito resumida (vale a pena saberem mais acreditem) os adeptos da alimentação crudívora preconizam a ingestão de alimentos no estado em que a natureza os produz, excluindo qualquer tipo de cozedura.
Defendem que o instinto alimentar deve ser redescoberto uma vez que os nossos gostos e apetências foram prevertidos pela transformação dos alimentos e dos vários métodos culinários.
Acreditam que fomos geneticamente programados para consumirmos os alimentos sem qualquer tipo de cozedura ou de transformação, adição de sal, de pimenta ou de açúcar.
Eu não sou assim tão radical, até porque tenho uma opinião relativa à necessidade de cozinhar certo tipo de alimentos para os podermos mais facilmente assimilar, mas sinto bastante afinidade com a grande maioria dos seus argumentos.
Por outro lado gosto da forma como procuram aproximar-se da simplicidade das técnicas dos nossos antepassados aproveitando os recursos da natureza sem os esgotar e ainda assim conseguirem obter resultados de fazer crescer água na boca.
Se não tivermos um espírito suficientemente aventureiro para sair do que nos é oferecido como um dado adquirido, recusando preconceituosamente a diferença, nunca iremos ter oportunidade de enriquecer espiritual e culturalmente com os pontos de vista das pessoas que se vão cruzando connosco na vida.
Considero esta receita de iogurte um exemplo perfeito do charme dos crudívoros que conseguem revolucionar completamente a nossa visão industrializada da alimentação.
A matéria prima também é totalmente caseira (das minhas amendoeiras).
INGREDIENTES (para 6 iogurtes)
.amêndoas (300 g)
.água (450 ml)
Tirar a casca às amêndoas (caso ainda tenham) e deixar de molho em água à temperatura ambiente, com a pele, algumas horas (eu deixei de um dia para o outro) . No dia seguinte escorrer a água e retirar a pele (à mão ou com a ponta de um faca) que sairá facilmente. Lavar e escorrer. Triturar num processador, acrescentar a água e continuar a triturar até formar uma pasta homogénea semi-líquida. Deixar este preparado fermentar num recipiente (coberto com um pano), à temperatura ambiente cerca de 8 h.Verter o iogurte em frascos (ou deixar no mesmo recepiente) e levar ao frigorífico 1 h antes de consumir.Quem quiser pode adicionar xarope de ácer para adoçar.
Engana qualquer um...não acham?
9 comentários:
Que espetáculo mulher! Eu precisava mesmo de ti nesta área do crudivorismo. Também já não me sinto tão sozinha :-))
Agora já nos podemos ajudar mutuamente com as descobertas q vamos fazendo.
Sabes que eu qdo era pequenina também brincava muuuuuuito às comidinhas??? Sabes com o q é q eu fazia colorau? Com tijolo ralado, ah ah ah!
Brabs, amei! É a receita de iogurte mais simples que já vi!Sugere-nos um mar de possibilidades...:)
Impressionante este iogurte, que maravilha, mais natural que isso não há.
Beijinhos
Olá Isabel!
Apesar de em pequena também brincar com bolos de terra, não estou muito a par desses "crudivorismos"! :)
Fiquei curiosa quanto ao sabor destes teus ioogurtes e um destes dias ainda experimento a tua receita!..."nunca digas nunca" :)
Beijos!
Estou fascinada!! Nunca pensei que fosse possivel, para mim isso é iogurte autentico!!!
Quem diria! E o sabor? Sem açúcar sem nada... as tuas amêndoas devem ser docinhas né? Estou surpreendida :)
Apesar de já ter lido sobre esse assunto,não sabia como fazer.Sei que a curiosidade do sabor, vai-me levar a experimentar...
Bj
Voce tinha me perguntado faz algum tempo sobre pais veganos e criancas veganas. Achei isso e me lembrei de vc: http://gato-negro.org/blog/veganos-de-nascenca/
Beijo!
A curiosidade está solta e chegou aqui: a que será que sabem estes iogurtes????
Parabéns pela iniciativa e experimentalismo.
E que belas cobaias tinhas tu na infância... esses irmãos devem ter passado poucas e boas! Ah, ah, ah!
:)
Beijinhos.
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